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ESCOLA

 

É impossível falar de educação e dos conceitos de escola, ensino e aprendizagem sem falar no ilustre educador Paulo Freire, este que sempre será o ícone de referência para a educação brasileira. Ele que foi um grande guerreiro nas lutas a favor dos jovens e adultos, que viviam grande desprezo pela sociedade.

Esta luta se tornou para ele um compromisso social que abraçou por toda a sua vida, muitos  se inspiraram por várias gerações de educadores até os dia atuais.

Na obra “Pedagogia da autonomia”, Freire descreve a escola como um ambiente favorável para aprendizagem dos educandos. Professor- aluno se tornam os atores principais desta dinâmica diária na sala de aula, pois estes se relacionam através da ferramenta mais importante para o educador o diálogo que faz fomentar o respeito entre ambos. Segundo Freire , o ato de ensinar é o momento oportuno para o exercício  do diálogo , onde fica evidente a capacidade de criar e compartilhar saberes.

Neste espaço amplo ainda deve ser um aguçador de curiosidades, desenvolvendo a criatividade, raciocínio e estimulando o ser a fazer descobertas a respeito de si e do mundo que o cerca. Também devendo provocar prazer e felicitação ao que é aprendido.

Paulo Freire afirma que: “ A educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda”. É através desta idéia magnífica que vemos a educação com princípios básicos, pois esta deve ser humana, social, política, ética, histórica e cultural.

Com relação a escola Freire ainda diz que este deve ser um lugar onde teoria e prática devem andar juntas  e fazer parte do mesmo ambiente. Temos sobre teoria e prática o seguinte pensamento: “Sem teoria na verdade, nós nos perdemos no meio do                                              . Mas, por outro lado,sem prática nós nos perdemos no ar. Só na relação    dialética, contraditória, prática e teoria, nós nos encontramos e, se nos perdemos, as vezes, nos reencontramos por fim.”(FREIRE,2005:135)

Em outras palavras ele diz que a teoria não existe sem a prática e também sem ela não se permite o ato de refletir rigorosamente, causando no sujeito o pensar, o debater , o opinar, o pesquisar e o ensinar.

Ainda para que a escola seja realmente um ambiente de transformação é necessária primeiramente que a escola adote um projeto pedagógico que favoreça ao educando a oportunidade de despertar o amor a diversas leituras, para que ele seja capaz de entender e produzir conhecimento do mundo real.

Cabe ao professor ser o instrumento para que os sonhos, a esperança, a fé sejam alimentados diariamente ganhando sentido. Pois sem sonhos não se vive.

 

Pensamentos  Freiriano

 

 

“Quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender”.

 

 

“A Educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tão pouco a sociedade muda”.

 

“Não há saber mais ou saber menos: há saberes diferentes”.

 

“Ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo, os homens se educam entre si, mediatizados pelo mundo”.

 

“Mudar é difícil, mas é possível”

 

 

 

 

ENSINO

  Muitos são os conceitos sobre ensino, e muitos são os entendimentos sobre o mesmo muito se tem discutido sobre a sua forma e maneira de apresentar, diante disso é possível dizer que não se pode dar a ultima palavra sobre o assunto, o ensino pode ser entendido como a ação e o efeito de ensinar (instruir, doutrinar e amestrar com regras ou prece itos). Trata-se do sistema e do método de instruir, constituído pelo conjunto de conhecimentos, princípios e ideias que se ensinam a alguém.

Para uns o ensino implica a interação de três elementos: o professor ou docente; o aluno, estudante ou discente; e o objeto de conhecimento. Além de uma tradição chamada de enciclopedista que supõe que o professor é a fonte do conhecimento e o aluno, um mero receptor ilimitado do mesmo. Sob esta perspectiva, o processo de ensino é a transmissão de conhecimentos do docente para o estudante, através de diversos meios e técnicas. Para as correntes atuais como a cognitiva, o docente é um fornecedor do conhecimento, atua como nexo entre este e o estudante por intermédio de um processo de interação. Portanto, o aluno compromete-se com a sua aprendizagem e toma a iniciativa na busca do saber.

O ensino pode ser praticado de diferentes formas. As principais são: o ensino formal, o ensino informal e o ensino não-formal. O ensino formal é aquele praticado pelas instituições de ensino, com respaldo de conteúdo, forma, certificação, profissionais de ensino, etc. O ensino informal está relacionado ao processo de socialização do homem. Ocorre durante toda a vida, muitas vezes até mesmo de forma não intencional. O ensino não-formal, por sua vez, é intencional. Em geral é aquele relacionado a processos de desenvolvimento de consciência política e relações sociais de poder entre os cidadãos, praticadas por movimentos populares, associações, grêmios, etc. Os limites entre essas três categorias de educação não são extremamente rígidos, são permeáveis. Pois estamos aprendendo constantemente e por diferentes vias e agentes.

Depois de alguns conceitos e teorias sobre o tema veremos agora a visão de paulo Freire sobre o ensino, diz Paulo Freire que ensinar não é transferir conhecimentos, conteudos, quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender. Ensinar inexistesem aprender e vice-versa para ele ensinar é, portanto, buscar, indagar, constatar, intervir, educar. O ato de ensinar exige conhecimento e, consequentemente, a troca de saberes. Pressupõe-se a presença de indivíduos que, juntos, trocarão experiências de novas informações adquiridas, respeitando também os saberes do senso comum e a capacidade criadora de cada um.

O referido autor considera ainda que: “Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua produção ou a sua construção”. Dito de outra forma, o docente deve transmitir o conhecimento buscando proporcionar ao discente a compreensão do que foi exposto e, a partir daí, permitir que o mesmo dê um novo sentido, quer dizer, a ideia é não dar respostas prontas, mas criar possibilidades, abrir oportunidades de indagações e sugestões, de raciocínio, de opiniões diversas etc. Jamais impedir as interações, as opiniões, os erros e os acertos, isto é, todos esses elementos permitirão que o aluno alcance o real conhecimento e continue a buscá-lo incessantemente de forma autônoma.

   Freire criticava a ideia de que ensinar é transmitir saber porque para ele a missão do professor era possibilitar a criação ou a produção de conhecimentos. Mas ele não comungava da concepção de que o aluno precisa apenas de que lhe sejam facilitadas as condições para o auto aprendizado. Freire previa para o professor um papel diretivo e informativo – portanto, ele não pode renunciar a exercer autoridade. Segundo o pensador pernambucano, o profissional de educação deve levar os alunos a conhecer conteúdos, mas não como verdade absoluta. Freire dizia que ninguém ensina nada a ninguém, mas as pessoas também não aprendem sozinhas. “Os homens se educam entre si mediados pelo mundo”, escreveu. Isso implica um princípio fundamental para Freire: o de que o aluno, alfabetizado ou não, chega à escola levando uma cultura que não é melhor nem pior do que a do professor. Em sala de aula, os dois lados aprenderão juntos, um com o outro – e para isso é necessário que as relações sejam afetivas e democráticas, garantindo a todos a possibilidade de se expressar.

                                                                                                                     

     APRENDIZAGEM

     Num contexto de massificação, de exclusão, de desarticulação da escola com a sociedade, Freire dá sua contribuição para a formação de uma sociedade democrática ao construir um projeto educacional libertador. O que existe de mais atual e inovador no Método Paulo Freire é a indissociação da construção dos processos de aprendizagem da leitura e da escrita do processo de politização.  Um dos axiomas do Método em questão é que não existe educação neutra. A educação é uma construção e reconstrução contínua de significados de uma dada realidade. Ela prevê a ação do homem sobre essa realidade. Essa ação pode ser determinada pela crença fatalista da causalidade, ou pode ser movida pela crença de que a causalidade está submetida a sua análise, portanto sua ação e reflexão podem alterá-la, relativizá-la, transformá-la.

 

 Freire busca como ideal a conscientização para o conhecimento da realidade e das relações de poder existente na sociedade, isto para que o indivíduo possa transformar,  modificar o que lhe é oferecido como se fosse o máximo que poderíamos ter e muitas vezes ver o dominador como um sujeito generoso, porque sua ideologia já corrompeu e alienou o cidadão. Nesta realidade o termo cidadão não está presente ou é camuflada como se estivesse, tudo é falso, há uma pseudoparticipação, pseudoconsientização, pois o que há é  uma cultura do silêncio, desumanização e exploração do homem pensante, que é colocado como coisa, como domesticado. Para este pedagogo, o conhecimento é algo a ser construídos na coletividade, pelo qual o movimento da ação–reflexão é tido como fundamental. Sua pedagogia se caracteriza por ser dialógica e também dialética, dialética porque não podemos dicotomizar os fundamentos da educação que são: ação – reflexão, subjetivo – objetivo, homem –mundo, educador – educando; nestas relações não há o que é mais importante e o menos importante, não há a hierarquia de um sobre o outro. Nestes parâmetros a educação não é via de mão única, mas via de mão dupla, não é assimétrica, mas é simétrica. Dialógica porque é através da comunicação que estabelecemos relações com o outro, que edificamos a dialética em nossa vida (FREIRE, 2005).

Nosso pensamento caminha também nesta vertente de Freire e percebemos que quando o indivíduo entende isto que fora mencionado, um grande e vasto caminho se abre e passamos a entender muitos fatos ou condições que nunca fora compreendido por nós.

Diz Freire (1977, p. 118):

Na realidade, na medida em que esta modalidade educativa se reduz a um conjunto de métodos e de técnicas com as quais educandos e educadores observam a realidade social (quando a observam), simplesmente para descrever, esta educação é tão domesticada como qualquer outra. A educação para libertação não pode ser a que procura libertar os educandos  das pirraças para lhes oferecer projectores. Pelo contrário, é a que se propõe, como praxis social, contribuir para libertar os seres humanos da opressão que se encontram na realidade objectiva. Por isto mesmo, é uma educação, tão política como aquela que , servindo as elites do poder, se proclama apesar de tudo neutra. Daí que esta educação não possa ser posta em prática, em termos sistemáticos, antes da transformação radical da sociedade.

O que podemos analisar nesta citação é que Freire também nega as práticas que se dizem educativas em que somente é necessário observar e descrever a realidade, é necessário uma postura frente esta realidade, uma subjetividade que seja coesa e que tenha argumentos, por isso a afirmação de que a educação é um ato político. Em outros estudiosos da educação podemos perceber que eles negam esta postura política da educação, entre eles, Saviani (2000) explica que em cada prática social temos suas especificidades e objetivos, se dissolvemos uma á outra teremos um “politicismo pedagógico” e um “pedagogismo político”. Mas Freire (1996, p.115) explica a sua perspectiva, pois nada mais político que defender um posicionamento, um ideal:

“Não posso ser professor se não percebo cada vez melhor que, por não poder ser neutra, minha prática exige de mim uma definição. Uma tomada de posição. Decisão. Ruptura. Exige de mim que escolha entre isto ou aquilo. Não posso ser professor a favor de quem quer que seja e a favor de não importa o quê. Não posso ser professor a favor simplesmente do Homem ou da Humanidade, frase de uma vaguidade demasiado contrastante com a concretude da prática educativa. Sou professor a favor da decência contra o despudor, a favor da liberdade contra o autoritarismo, da autoridade contra a licenciosidade, da democracia contra a ditadura de direita ou de esquerda.”

 

Dentro da perspectiva de Freire há um posicionamento sociológico e antropológico da condição do homem participante de um meio e dos pressupostos que envolvem a educação, ou seja, analisa a problemática dos processos de ensino aprendizagem através do jogo de interesses políticos, econômicos, sociais e culturais, em suma através de nossa realidade. Por isso que suas obras são uma denúncia aos modos que constituem a educação  oferecida aos homens das camadas populares.

   Enfim a verdadeira aprendizagem é aquela que transforma o sujeito, ou seja, os saberes ensinados são reconstruídos pelos educadores e educandos e, a partir dessa reconstrução, tornam-se autônomos, emancipados, questionadores, inacabados. 

“Nas condições de verdadeira aprendizagem, os educandos vão se transformando em reais sujeitos da construção e da reconstrução do saber ensinado, ao lado do educador igualmente sujeito do processo”. (FREIRE, 1996, p. 26). 

Sob esse ponto de vista, percebemos a posição do educando como sujeito desse processo de reformulação do conhecimento, ao lado do educador. Ele passa a ser visto como agente e não mais como objeto, isto é, ambos fazem parte do processo ensino-aprendizagem numa concepção progressivista.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.

CAVALCANTI, Petrônio. Saberes e dizeres de um professor feliz. Recife: Ed. Do autor, 2010.

 www.pedagogia.tripod.com/pedagogia_da_autonomia__resenha.htm.

www.revistaescola.abril.com.br/formacao/formacao-continuada/resenha-trecho-livro-pedagogia-autonomia-paulo-freire-556571.shtml.

OBRAS

BIOGRAFIA

 Nasceu no dia 19 de setembro de 1921, na Estrada do Encanamento, no bairro Casa Amarela, em Recife, Pernambuco.  

  Era de uma família de classe média. Seu pai, Joaquim Temístocles Freire, era oficial da polícia militar de Pernambuco e sua mãe, Edeltrudes Neves Freire, fazia trabalhos domésticos, bordava e tocava piano. Além de Paulo, juntos tiveram Stela, Armando e Temístocles.

Aprendeu a ler com a mãe e o pai, escrevendo, com gravetos de mangueiras, na terra da casa onde ele tinha nascido.

A crise financeira de 1929 teve uma repercussão muito forte na vida de Paulo Freire, fazendo sua família deixar a casa em Recife e partir para Jaboatão dos Guararapes, a 18 Km de Recife, tentando, em vão, fugir da pobreza.

Em Jaboatão dos Guararapes, Paulo Freire completou os primeiros anos dos seus estudos e fez-se necessária a sua ida até Recife, para que pudesse continuar estudando. Sua mãe, então viúva e responsável única pela criação dos filhos, voltou a Recife e buscou para Paulo Freire uma bolsa de estudos nos colégios da cidade, até chegar ao Colégio Osvaldo Cruz, de Aluízio Araújo.

No Colégio Osvaldo Cruz, Paulo Freire reiniciou, aos 16 anos, os estudos no 2º ano do Ginásio, o equivalente ao 7º ano do Ensino Fundamental dos dias atuais.

Começou a trabalhar na mesma escola em que estudara em Recife, o Colégio Osvaldo Cruz, dando aulas de Português. E, como professor de Português dessa escola, Paulo Freire conheceu Elza Maia Costa Oliveira, sua esposa por mais de 40 anos. Eles se casaram em 1944 e tiveram 5 filhos.  

Cursou Direito na Universidade do Recife, mas optou por não exercer a profissão. Ao invés disso, dedicou-se à alfabetização de adultos e se tornou um ícone na área da educação popular e um dos pensadores mais notáveis na história da Pedagogia mundial.

Depois da desistência da carreira em Direito, foi convidado a trabalhar no SESI de Recife e inovou as práticas de ensino, ao trazer recortes de jornal sobre assuntos peculiares como salário e greve para a discussão com os operários.

Em 1958, num congresso de educação de adultos, convocado pelo então presidente Juscelino Kubitschek, Paulo Freire apresentou sua ideia de que o analfabeto não era o problema e alfabetizar não era a solução. Para ele, o problema era a miséria da população.

Criou-se em Recife, em 1960, o MCP – Movimento de Cultura Popular – e, nesse âmbito, Paulo Freire desenvolveu o seu método de alfabetização para adultos. Como convidado do Serviço de Extensão Cultural da Universidade de Recife, sistematizou uma experiência de alfabetização, realizada em Angicos, uma pequena cidade no sertão do Rio Grande do Norte, onde 300 trabalhadores rurais foram alfabetizados em 40 horas.

    Com o golpe de estado de 31 de março de 1964, Paulo Freire foi exilado e ficou fora do Brasil durante todo o regime militar. Esteve em muitos países do mundo, como Bolívia, Chile, Suíça e alguns países da África, nunca deixando de desenvolver suas ideias e de escrever seus livros.

Durante o período em que viveu no Chile, Paulo Freire publicou, em 1967, seu primeiro livro no Brasil – Educação como Prática da Liberdade.

Em 1968, Paulo Freire publicou, em várias línguas, seu livro mais conhecido – A Pedagogia do Oprimido. Esse livro foi proibido no Brasil até o ano de 1974 em razão da ditadura militar.

Por causa das boas críticas sobre o livro Educação como Prática da Liberdade,Freire foi convidado para ser professor visitante da Universidade de Harvard em 1969.

Retornou ao Brasil em 1979 e procurou revigorar e modificar suas ideias. Em 1980, filiou-se ao PT. Após a morte de Elza em 1986, viveu um período difícil e, gradativamente, voltou à vida, até que se casou com Ana Maria Araújo Freire, no momento sua orientanda no projeto de mestrado da PUC-SP.

Com a vitória do seu partido nas eleições municipais paulistas em 1988, Paulo Freire foi nomeado Secretário de Educação da cidade de São Paulo e ocupou esse cargo de 1989 até 1991. Durante esse período, Freire criou o MOVA – Movimento de Alfabetização, seu objetivo era voltado para a Educação de Jovens e Adultos.

Faleceu em 2 de maio de 1997, em São Paulo.